25 de novembro de 2008

Entrevista ao Padre Abel Ferreira


Sacerdote no concelho de Fornos de Algodres há sete anos, Abel Ferreira conhece as necessidades do Arciprestado. A actual crise de vocações sente-se um pouco por todo o lado, mas, segundo o sacerdote, a actual situação de falta de sacerdotes justifica-se com a sociedade materialista de hoje que facilmente impugna valores materiais nos indivíduos.


“A Igreja é um corpo em construção, em caminhada para a plenitude, onde nem tudo é perfeito”

Notícias de Fornos de Algodres: Quem é o Padre Abel?
Padre Abel Ferreira: Um sacerdote, com 37 anos de idade. O quinto de seis irmãos (dois irmãos e quatro irmãs), filho de Celestino Rodrigues e de Maria Dealina Ferreira.

NFA: Quando é que foi ordenado sacerdote?
P. AF: Fui ordenado na minha paróquia (Arões), a 24 de Setembro de 1995.

NFA: Quando ordenado padre, qual a sua primeira paróquia e onde foi celebrar a sua primeira Missa?
P. AF: Fiquei um ano como Pároco da minha paróquia e depois da Missa da ordenação, celebrei na capela de uma das aldeias da paróquia.

NFA: Quais os locais onde já exerceu o ministério?
P. AF: Depois da minha paróquia, estive 5 anos nas paróquias de Mamouros, Ribolhos, Pepim e Alva, do concelho de Castro Daire, tendo sido depois transferido para as actuais paróquias ao meu cuidado (Fornos de Algodres, Infias, Algodres, Cortiçô e Vila Chã), tendo colaborado também no Seminário como Director Espiritual.

NFA: Porque é que se supõe que um padre não pode casar e ter filhos?
P. AF: É, na verdade, uma norma da Igreja para os sacerdotes católicos, assumida de forma consciente por aquele que abraça a vocação sacerdotal. Aquele que avança para o sacerdócio está consciente deste compromisso, certo de que é um tesouro que se leva em vasos de barro.

NFA: Como encara o celibato?
P. AF: Antes de mais, encaro-o na linha da identificação com Cristo Sacerdote, mas também na linha de uma maior disponibilidade para servir o povo de Deus. É, pois, um dom de Deus à Igreja.

NFA: Deixar o sacerdócio em nome do amor é pecado?
P. AF: Talvez não devamos colocar a pergunta desse modo. Na verdade, amar não é pecado. No mesmo sentido, poderíamos perguntar: divorciar-se para voltar a casar é pecado? Pensemos antes que a maior virtude está na fidelidade aos compromissos assumidos diante de Deus e dos homens. A partir daí, talvez devamos fazer silêncio e não julgar.

NFA: Há alguma coisa que não concorde na Igreja?
P. AF: De forma geral, não. Sinto, contudo, que a Igreja é um corpo em construção, em caminhada para a plenitude, onde nem tudo é perfeito. Mas é a Igreja que amo e procuro servir dentro das minhas limitações.

NFA: Qual a grande missão dos sacerdotes nos dias de hoje?
P. AF: Penso que é sobretudo a de serem homens de Deus, que pela palavra e pelo exemplo, sejam no mundo portadores de esperança, ajudando as pessoas a descobrir a beleza da fé.

NFA: Nos nossos dias é ou não complicado ser padre?
P. AF: Nunca foi fácil. Mas penso que o tempo presente manifesta novas exigências, sobretudo pelas profundas mudanças sociais e culturais da sociedade actual.

NFA: No seu entender, o que é que actualmente afasta os jovens da Igreja?
P. AF: Penso que a Igreja tem dificuldade em propor-lhes Cristo de forma atractiva, diante das propostas da sociedade que atraem mais, pelo fácil, pelo imediato. O próprio ambiente cultural e social não ajuda. É difícil ter a coragem de ser diferente e abraçar outros valores e mentalidades que não apenas os que a sociedade tantas vezes vai impondo de forma agressiva.

(Leitura Integral da entrevista na versão em papel)

1 comentário:

Anónimo disse...

OLa Abel, parabéns por teres seguido aquilo em que acreditas. Eu sou de perto de Fornos e fui teu colega.Descubri-te por sorte neste blog e é com grande prazer que sei que és pàroco em Fornos.
Um abraço

Morgado www.morgadoart.com