27 de agosto de 2008

Câmara de Fornos continua em situação difícil

Se por um lado, os municípios da Guarda e Trancoso reduziram em 2007 em mais de 20 por cento o excesso de endividamento, por outro, a autarquia de Fornos de Algodres mantém-se na lista negra das Finanças continuando sujeita às deduções mensais de dez por cento por parte do Fundo de Equilíbrio Financeiro (FEF).
De acordo com o despacho conjunto da Presidência do Conselho de Ministros e do Ministério das Finanças e da Administração Pública, divulgado pela Lusa, as câmaras da Guarda e Trancoso conseguiram baixar em mais de 20 por cento o excesso de endividamento, acabando assim a redução de dez por cento previstas nas transferências. Em igual situação estão os municípios de Castelo de Paiva, Nazaré, Torres Novas, Vila Nova de Gaia e Vila Nova de Poiares.
Quanto à Câmara de Fornos de Algodres, esta vai continuar sujeita às deduções mensais por parte do FEF. Em semelhante situação encontram-se as autarquias de Carrazeda de Ansiães, Mangualde, Mondim de Basto, Santa Comba Dão, Vouzela e São Pedro do Sul.
As autarquias de Lisboa e Santarém foram as únicas capazes de eliminar por completo o excesso de endividamento permitido no ano de 2007.

25 de agosto de 2008

Fornos lidera tabela de classificação


A disputar-se a liderança na 3ª Divisão Nacional – Série C, o Fornos de Algodres goleou ontem o Cinfães por 4-0 no Estádio Municipal da Esgalhada, jogo que marcou o regresso da equipa algodrense aos campeonatos nacionais da Federação Portuguesa de Futebol.
Apesar do Clube Desportivo de Cinfães ter sido superior com mais posse de bola e domínio de jogo, o Fornos aproveitou ao máximo a bola nos pés para fazer “estragos” na baliza adversária. Assim, surgiu o primeiro golo ao minuto 13 marcado por Simões. O segundo golo ocorreu aos 27 minutos num lançamento de Miguel Matos para Titã que rematou certeiro. Vinte minutos depois Titã bisou no jogo e com a equipa de Cinfães desorientada, o Fornos aproveitou para aumentar a vantagem ao marcar o quarto golo aos 69 minutos por Bruno Costa.
Quase no final da partida, minuto 87, o Cinfães ganha uma grande penalidade, pelo que Rogério não conseguiu converter em golo, já que Zé Luís executou uma bela defesa.
Fornos de Algodres
Treinador: Nando Pompeu
Bruno Costa, Fábio Matos, Fábio Nascimento, Luís Miguel, Lote, Paulo Meneses, Roberto, Simões, Titá, Zé Luís e Zézito
Substituições: Bruno Costa por Bruno Filipe (70'), Lote por Artur (75') e Titá por Tibério (89')
Suplentes não utilizados: Inácio, Silvio e Egipto
Cinfães
Treinador: Vítor Moreira
Filipe, Kipulo, Luís, Michel, Miguel Matos, Miki, Nakata, Nogueira, Pinto, Rui, Zé Pedro
Substituições: Pinto por Domingos (53'), Zé Pedro por Jonas (65') e Rui por Rogério (65')
Suplentes não utilizados: Carlitos, Manel, Padeiro e Serra
Jogo no Estádio Municipal Serra da Esgalhada, Fornos de Algodres
Assistência: cerca de 600 pessoas
Árbitro: Yanco Vasilica
Auxiliares: Sérgio Correia e Rúben Clemente
Ao intervalo: 2-0
Marcadores: Simões (13'), Titá (27' e 47') e Bruno Costa (69')
Acção Disciplinar: cartão amarelo para Luís Miguel (8'), Rui (15'), Fábio Matos (24'), Jonas (68') e Fábio Nascimento (93')

22 de agosto de 2008

Festas da Nossa Senhora da Graça arrancam hoje


Começam hoje as Festas em honra de Nossa Senhora da Graça e prolongam-se até ao próximo domingo. O evento, de cariz popular, apresenta-se sob duas vertentes, uma mais religiosa, com missa e procissões, e outra mais virada para a animação, com a actuação de bombos, ranchos folclóricos, bandas filarmónicas entre outros. Organizada pela Câmara Municipal local e apoiada pela Agência de Promoção de Fornos de Algodres, pelos Bombeiros Voluntários e pela Associação Desportiva, o certame promete atrair públicos de diversas faixas etárias. O programa inclui animação para todos os gostos com concertos ao vivo, exposições de artesanato e do comércio local.
As receitas revertem a favor da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Fornos de Algodres (AHBVFA) e da Associação Desportiva do concelho, as quais terão serviço de restaurante e bar no recinto da festa.


Programa:


22 de Agosto, Sexta-feira
19:00 h - Abertura do Recinto (Mercado Municipal)
O Comércio vai à Festa - Exposição
21:30 h - Animação - K5 ( Mercado Municipal)

23 de Agosto, Sábado
14:00 h - IV Torneio de Paintball "Fornos de Algodres"
18:00 h - Saudação à Vila de Fornos de Algodres pela Banda de Música de Santa Marinha - Seia
18:30 h - Procissão com a Imagem de N. Sr.ª da Graça da Capela para a Igreja da Misericórdia.
21:30 h - Animação - Jackpot ( Mercado Municipal)
23:30 h - SANTAMARIA ao vivo
01:00 h - Animação - Jackpot-II Parte

24 de Agosto, Domingo
10:00 h - Saudação à Vila de Fornos de Algodres pela Banda de Música de Santa Marinha - Seia e Bombos de Carapito.
11:00 h - Missa seguida de procissão - Igreja da Misericórdia
15:00 h - Animação - Mercado Municipal:
- Rancho da Praça - Rendilheiras de Vila do Conde
- Rancho Folclórico e Etnográfico de Mogadouro
- Grupo de Música Popular "Os Capelenses", Fornos de Algodres
- Grupo de Bombos de Carapito
21:30 h - Animação:
- Artmédia
- No Long
- Bruce Brothers

25 de Agosto, Segunda-feira
17:30 h - Saudação à Vila de Fornos de Algodres pela Banda de Música de Santa Marinha - Seia
18:30 h - Recondução da Imagem de N. Sr.ª da Graça da Igreja da Misericórdia para a Capela
- Missa Campal
21:00 h - Animação - K5

20 de agosto de 2008

Diocese de Viseu coloca seminário de Fornos à venda


O seminário menor que em tempos chegou a ter mais de uma centena de seminaristas, fechou portas por falta de alunos inscritos


O seminário de Fornos de Algodres, desactivado há dois anos, encontra-se agora à venda uma vez que a diocese de Viseu necessita de dinheiro para, entre outros fins, pagar as obras no Paço Episcopal, estimadas em cerca de 750 mil euros.Temendo-se a degradação do património, este foi colocado à venda por quatro milhões de euros, que englobam o imóvel e uma quinta com cerca de 40 hectares. Inicialmente, e antes de ser colocado à venda, a diocese tentou que o edifício fosse adquirido pelo município. "Estávamos dispostos a facilitar o negócio à Câmara se esta tivesse interesse em construir ou investir ali alguma coisa. Gostaríamos mesmo de favorecer qualquer investimento. No entanto, o concelho de Fornos de Algodres também não está muito abonado de meios", afirmou o bispo D. Ilídio Leandro ao JN. O prelado salienta que o imóvel não será vendido para qualquer finalidade, afirmando à mesma fonte que “o dinheiro não é tudo”. "Ainda não rejeitamos nenhuma proposta. Falou-se no interesse de uns cidadãos coreanos, para este fim e aquele, mas por interpostas pessoas. Claro que rejeitaremos liminarmente tudo o que venha com objectivos que não sejam humanamente dignos, socialmente úteis e localmente vantajosos", contou o bispo ao JN.

Equipa do Fornos isenta da primeira eliminatória

No sorteio realizado ontem, cinco equipas da região ficaram a conhecer os seus adversários da primeira eliminatória da Taça de Portugal, marcada para 31 de Agosto. Assim, o Sertanense joga em casa com o Tocha, o Benfica Castelo Branco recebe o Elvas, ambos da III Divisão. O Milheiroense recebe em casa o Unhais da Serra e o Igreja Nova joga fora com o Penamacorense. O Atalaia do Campo recebe em casa uma equipa de II Divisão, o Santana. Nesta primeira eliminatória, o Fornos de Algodres fica de fora.

“Espero que aos leitores lhes dê tanto gozo ler, como a mim me deu fazer”

Durante cerca de quatro anos, foram inúmeras as pessoas que colaboraram com João Amaral na realização de uma obra que retrata o passado histórico do concelho


“História de Fornos de Algodres – Da Memória das Pedras ao Coração dos Homens” é o mais recente livro do autor de banda desenhada João Amaral e que será lançado a 3 de Outubro no concelho. Nessa altura, o autor fará uma sessão de apresentação com os alunos das escolas locais, na qual irá explicar detalhadamente como é que se efectua uma banda desenhada em computador.
Esta obra, a exemplo de outras, insere-se num vasto projecto levado a cabo pela Região de Turismo da Serra da Estrela e pela Âncora Editora, contando para isso com o apoio das câmaras municipais. O objectivo é colocar em BD elementos Históricos sobre os concelhos que formam essa região. Nesse âmbito, têm sido vários os autores convidados a colaborar. “Isso é óptimo, pois cada um de nós transporta para a sua obra, uma visão própria, o que dá livros que, embora produzidos sob um mote comum, acabam por reflectir diferentes sensibilidades”, afirma João Amaral. Para o autor “é um tipo de trabalho que, desde o início, me levou a vários desafios criativos”, acrescenta. Esta obra alia uma vertente documentalista e didática a uma história de ficção que pretende levar os leitores a seguir com interesse a acção que se vai desenrolando ao longo das páginas. “Não sei se isso foi conseguido ou não, mas sei que eu, como leitor, gostaria de ler uma obra nesse sentido e, não, como uma mera súmula de factos que se sucedem. Tive por isso uma contínua preocupação de aliar o didatismo ao entretenimento, elaborando uma história em que eu próprio me deixasse embrenhar com entusiasmo”, comenta o autor.
Este livro representou um duplo desafio para o autor. Por um lado, descobrir um rico património arqueológico referente a algumas épocas de que gosta particularmente e que, na sua maioria, vão desde o Calcolítico até às necrópoles medievais, passando pelo império romano. Por outro, foi o de poder dar a conhecer um pouco melhor a complexidade dessa personagem riquíssima que é a de Costa Cabral, cujo legado é extremamente actual, uma vez que se trata de um homem reformista, mas também de uma personalidade que se tornou a mais odiada do século XIX.
O título, que suscita alguma curiosidade, apresenta-se em duas perspectivas. Por um lado, «Da Memória das Pedras…» tem a ver com o facto do concelho de Fornos ter o património arqueológico mais rico da Serra da Estrela e quiçá um dos mais ricos do país. Por outro, «…ao Coração dos Homens» “será uma espécie de homenagem a todos os que ao longo da História contribuíram para fazer do concelho aquilo que é hoje, pois se outros corações tivessem batido, talvez tudo tivesse sido diferente”, explica o autor.
João Amaral é também o autor da obra “História de Manteigas – No Coração da Estrela”. Pretendendo mostrar um pouco daquilo que já não é visível ou do qual restam apenas vestígios, é, segundo o autor, uma “forma de caminhar melhor no futuro, se aprendermos alguma coisa com o passado”. Por outro lado, existem pequenas histórias aparentemente insignificantes, mas que no seu todo vão elas próprias moldando a História, pois muitas vezes pequenos factos são a causa de outros maiores. “Eu sei que é difícil enquadrar num livro de 30 páginas em banda desenhada, factos e episódios de uma riqueza ímpar, mas se conseguir assim dar um pequenino contributo no sentido de despertar curiosidades, então já me sinto realizado”, conclui o autor.

19 de agosto de 2008

4ª Edição do Torneio Internacional de Juniores

Entre os dias 22 e 24 de Agosto, a Cidade da Guarda vai ser palco da 4ª edição do Torneio Internacional de Juniores a decorrer no Estádio Municipal da Guarda. A organização do evento está a cargo da câmara municipal do distrito e da empresa Kebrostress. As equipas participantes no torneio são o Benfica, o Braga, o Sporting, o Interclube Luanda (Angola), o 1º de Agosto (Angola), o Atlético de Madrid (Espanha), NDS (Guarda) e Real Valladolid (Espanha).

Calendário de Jogos:

Sexta-feira, 22 de Agosto
NDS Guarda – 1º Agosto (10:00) Jogo 01
Sporting – Valladolid (11:30) Jogo 02
SL Benfica – InterClube (17:00) Jogo 03
SC Braga – Atl. Madrid (18:30) Jogo 04

Sábado, 23 de Agosto
Vencido Jogo 01 – vencido Jogo 03 (10:00) Jogo 05
Vencido Jogo 02 – Vencido Jogo 04 (11:30) Jogo 06
Vencedor Jogo 01 – Vencedor Jogo 03 (17:00) Jogo 07
Vencedor Jogo 02 – Vencedor Jogo 04 (18:30) Jogo 08

Domingo, 24 de Agosto
Vencido Jogo 05 – Vencido Jogo 06 (10:00) Jogo 09
Vencedor Jogo 05 – Vencedor Jogo 06 (11:30) Jogo 10
Vencido Jogo 07 – Vencido Jogo 08 (17:00) Jogo 11
Vencedor Jogo 07 – Vencedor Jogo 08 (18:30) Jogo 12

Quem quer aprender línguas?

A Escola Superior de Turismo e Telecomunicações de Seia está a promover Cursos Livres de Línguas com a possibilidade de ser em horário laboral ou pós-laboral para o ano lectivo 2008/2009. As inscrições estão abertas até ao próximo dia 1 de Outubro.
Os cursos disponíveis são os seguintes: Curso de Expressão e Redacção em Língua Portuguesa, 2h/ semana - 48h por ano; Curso Intensivo de Língua Portuguesa para Estrangeiros (nível inicial), 4h/ semana - 48h no total (1 semestre); Curso de Língua Inglesa (Elementary/ intermediate level), 2h/ semana - 48h por ano; Curso de Língua Inglesa (Upper/ intermediate level: Business English), 2h/ semana - 48h por ano; Curso de Língua Alemã (nível inicial/ intermédio), 2h/ semana - 48h por ano; Curso de Língua Francesa (nível inicial/intermédio), 2h/ semana - 48h por ano; Curso de Língua Francesa para fins específicos: Negócios e Turismo. 2h/ semana - 48h por ano; Curso de Língua Espanhola (nível inicial/intermédio), 2h/ semana - 48h por ano; Curso de Língua Espanhola para obtenção do “Diploma de Español como Lengua Extanjera” do Instituto Cervantes, 2h/ semana - 48h por ano e Curso Plurilingue (para secretariado, negócios, turismo, etc.): Inglês/ Francês/ Espanhol. 2h/ semana - 48h por ano.

Festas da Nossa Senhora da Graça


Música e muita animação é o que promete o programa das Festas de Nossa Senhora da Graça, em Fornos de Algodres, entre os dias 22 e 25 de Agosto.
No programa constam as actuações do grupo K5 no primeiro dia e Santamaria e Jackpot no segundo. No domingo estarão em palco os Artmédia, No Long e Bruce Brothers, não esquecendo os bombos que animarão a tarde e na segunda-feira, actuará novamente a banda K5. Todas as bandas presentes actuarão no Mercado Municipal. É de salientar que no sábado, irá decorrer o IV Torneio de Paintball "Fornos de Algodres" por volta das 14 horas.
A juntar a este programa musical, haverão todos os dias diversas actividades religiosas, nomeadamente a missa em honra da padroeira a realizar no domingo às 11 horas da manhã na Igreja da Misericórdia.

Entrevista à dupla personalidade de Amélia Pais: professora e escritora

«Sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura»


Amélia Pais dedicou 36 anos da sua vida à formação de jovens e hoje, com 64 anos de idade, ainda se dedica ao estudo da literatura portuguesa.


Notícias de Fornos de Algodres – Quem é Amélia Pais em poucas palavras?
Amélia Pais – Bem, sou pequena (1,45 m de altura), mas, como Alberto Caeiro, digo que «sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura». Gostei de ser professora, de fazer amigos e de ter escrito alguns livros.

N.F.A. – Em que ano começou a leccionar? E em que ano terminou?
A.P. – Comecei em 1966 e terminei, creio, em 2004.

N.F.A. - Como educadora atravessou tempo difíceis. Isto porque depois da imprensa, foi nas salas de aula que a ditadura de Salazar mais exerceu a sua tirania. Como foi atravessar esse período?
A.P. - Foi complicado exprimir as minhas convicções de liberdade, mas fui capaz de o fazer de modo creio que subtil. Nunca menti aos meus alunos.

N.F.A. - Profissionalmente, você passou quase uma vida dentro de salas de aula a contribuir na formação de gerações. Acha que valeu a pena? Porquê?
A.P. - Quem me confirma que valeu a pena são os meus antigos alunos, que assim o dizem… Eu não poderia ter sido outra coisa até porque fui feliz como professora. Creio que ajudei muitos a crescer como cidadãos livres e responsáveis.

N.F.A - Há algum episódio especial que tenha acontecido nas salas de aula durante os anos que leccionou?
A.P. – Houve muitos, mas é-me difícil seleccionar.

N.F.A. – Que lembranças guarda da escola? Contribuiu para se tornar escritora?
A.P.- Boas lembranças. Os meus livros decorreram da minha experiência como professora e devo-os também aos meus alunos.

“Vale a pena para quem escreve e talvez para quem leia”


N.F.A. – Como é que se tornou escritora?
A.P. - A resposta vem na sequência do que disse anteriormente. Eu tinha vontade de divulgar a literatura portuguesa alargando assim a minha experiência como professora. Ainda hoje o faço, nomeadamente através do meu blogue e de uma newsletter diária de poesia de todos os países e tempos que envio a mais de uma centena de pessoas.

N.F.A. – Como é que foi o início de Amélia Pais na literatura?
A.P. - Tive um grande professor no liceu de Viseu, o Dr. Luís Simões Gomes, já falecido. Esse foi o arranque essencial. Com ele aprendi muito e, sobretudo, a ser gente capaz de pensar.

N.F.A. – Para que serve um escritor?
A.P. - Quando algum aluno me fazia essa pergunta eu costumava responder: olha, para que serve o pôr-do-sol? E uma flor?

N.F.A. - Vale a pena ser escritor em Portugal?
A.P. - Vale a pena para quem escreve e talvez para quem leia.

N.F.A. – Que obras já escreveu?
A.P. – Vamos ver se me lembro. Sobre Camões escrevi, Para compreender os Lusíadas; edição escolar anotada, de Os Lusíadas; Eu cantarei de amor (poesia lírica); Ensinar Os Lusíadas e Os Lusíadas em prosa (adaptação juvenil). Sobre Gil Vicente escrevi Auto da Barca do Inferno, edição escolar anotada e sobre Fernando Pessoa escrevi Para Compreender Fernando Pessoa; Fernando Pessoa, O menino de Sua Mãe, este último para crianças. Escrevi ainda história da Literatura em Portugal, num total de três volumes que vão desde a Idade Média até 1950 e vários manuais escolares para o ensino secundário.
Recentemente, e que vai estar nas bancas já em Setembro, escrevi Padre António Vieira, o Imperador da Língua Português. Este livro é sobretudo para os jovens.

N.F.A. - Porque é que optou sempre por uma via mais ensaística e de incidência didáctica?
A.P. – Gostei muito de ser professora e de divulgar os escritores que amo. Não faço escrita criativa…Nem todos somos capazes disso. E muito menos obrigados a fazer. Como Jorge Luís Borges: «Orgulho-me mais dos livros que tenho lido do que daqueles que escrevi».

N.F.A. - O que é que há em Camões que a tenha levado a escrever tanto sobre ele?
A.P. - Há tudo. É somente o melhor escritor do meu, do seu tempo e de todos os tempos. Mantém-se no essencial actualíssimo, no apelo ao sair da «austera, apagada e vil tristeza», tal como na intensidade e qualidade da sua poesia lírica.

N.F.A. - Nunca pensou escrever outro tipo de obras? Por exemplo romances, memórias etc.
A.P. - Não sou dada à escrita criativa. Escrevi uma vintena de poemas e dois ou três contos sem relevância. Não sou poeta, mas gosto de ler poesia.

N.F.A. - Não quer falar um pouco do seu novo livro "Padre António Vieira, O Imperador da Língua"?
A.P. - É um livro que surge na sequência dos anteriores Os Lusíadas em Prosa e Fernando Pessoa, O menino da sua mãe. Trata-se de tornar «gostáveis» aos mais novos esses autores difíceis. Qualquer dos livros aparece sob forma de uma primeira parte em que o autor, na primeira pessoa, se «conta» e, depois, de uma segunda parte com selecção de textos do autor. De pequenino procuro que se faça crescer (melhor que torcer) o pepino…E as crianças, que são mesmo o melhor do mundo, merecem também o melhor…

N.F.A. - Existem novos projectos em pausa?
A.P. - De momento, não. A nível pessoal, claro que sim, mas na órbita do privado.

N.F.A. - O mundo é mais feliz hoje ou antigamente?
A.P. - Não faço ideia…Quem poderá dizê-lo? Há tanto horror e miséria por esse mundo fora…Antigamente não se era feliz…E agora também não, em geral.

PERFIL Amélia Pais
Amélia Pinto Pais nasceu a 5 de Outubro de 1943 no concelho de Fornos de Algodres. Mas, um pequeno acidente, regista-lhe a naturalidade como sendo Coimbra, até porque na altura não havia nenhum serviço de maternidade mais próximo. Frequentou a escola primária em Algodres e Matança, o secundário no Liceu Nacional de Viseu, hoje Escola Secundária de Alves Martins. Licenciou-se em Filologia Românica, hoje Estudos Portugueses e Franceses na faculdade de letras da Universidade de Coimbra.
Para quem lê compulsivamente desde criança, é muito difícil seleccionar livros, obras ou autores predilectos. Amélia Pais gosta dos textos de Camões, Fernando Pessoa, Gil Vicente, Padre António Vieira e muitos outros que vai divulgando no seu blogue “Ao longe os barcos de flores” (
http://barcosflores.blogspot.com/). Quando se lhe pede que cite um escritor enumera os anteriores e acrescenta Eça de Queirós e muitos outros, nomeadamente estrangeiros, sendo clássicos ou não.
Admira alguns actores portugueses como Luís Miguel Cintra e Eunice Muñoz, elege Visconti como um dos seus realizadores preferidos e Clint EastWood como actor e realizador predilecto. Gosta de ler, escrever, ir ao cinema, viajar, estar com amigos, e divulgar poesia, “já me chamaram «semeadora de poemas»”. Considera o 25 de Abril de 1974 como o dia da sua maior alegria cívica e deseja viver a sua terceira idade com tranquilidade.
Durante os 36 anos e meio em que leccionou passou por diferentes estabelecimentos de ensino, nomeadamente pelo Liceu Nacional de Aveiro, Liceu Rainha Santa Isabel, no Porto; Liceu Nacional de Leiria, hoje Escola Secundária de Francisco Rodrigues Lobo.
Hoje já não lecciona mas continua a desenvolver estudos na área da literatura portuguesa.