26 de setembro de 2008

OPINIÃO

Santa Casa da Misericórdia: fins sociais ou lucrativos?


A Santa Casa da Misericórdia de Fornos de Algodres instituída depois de 1637 tem sofrido algumas controvérsias nos últimos tempos, contratempos esses que têm adiado a abertura e mesmo o funcionamento do novo lar de idosos.Há cerca de uma década, a mesa da Santa Casa, sendo o provedor Paulo Menano, deliberou encerrar o lar de idosos para a sua reconstrução, em virtude do mesmo não oferecer as mínimas condições humanas para o respectivo funcionamento. Os idosos foram transferidos para outros lares e aos funcionários foi-lhes dado um documento valido legal e moralmente aceitável que serviria de readmissão assim que o lar estivesse pronto. Quase todos aceitaram a decisão de bom grado na esperança e na expectativa que num futuro próximo retomariam as suas funções. Duas das funcionárias não concordaram com a situação, acabando por accionar uma acção judicial contra a Santa Casa a fim de serem indemnizadas.
Mas, “como nem tudo são rosas”, a reconstrução do edifício passou tempos conturbados. Isto porque, aquando da entrega da obra surgiram a concurso entre outras, a empresa António Caetano e Moreira Lda. e a SOMEC. A primeira, uma empresa da região que albergava trabalhadores do concelho e, se assim fosse, os impostos ficariam no próprio concelho. A segunda, uma empresa de fora, que na altura estava a construir o Centro de Saúde, não oferecia garantias à mesa de então, mas que acabou por ficar em primeiro lugar. No entanto, foi a empresa António Caetano e Moreira Lda que acabou por ficar com a obra.
Depois do “sim” da Segurança Social para o início das obras por parte da empresa fornense, surge um iluminado avençado da mesma instituição pública que afirma que a empreitada não deveria ser entregue a essa mesma empresa mas sim à SOMEC, mesmo depois de a mesa ter deliberado que ela não seria o melhor para a Santa Casa.
O tempo foi passando e o processo de reconstrução não avançava. Entretanto surgem novas eleições para a mesa, e o então provedor, Paulo Menano, decidiu não se recandidatar para dar lugar a pessoas com novas mentalidades e perspectivas diferentes, a fim de que a tão desejada obra surgisse o mais rápido possível. Assim sendo, é eleita nova mesa que põe mãos à obra e dá seguimento ao processo. De facto, herdou-se uma pesada herança, inclusive com as ex-funcionárias a processarem a Santa Casa e esta a vender património em Lisboa para as indemnizar. Esta mesa fez de facto algumas obras bastante positivas, tendo já placas que vincam a passagem deste provedor pelo cargo.
Com a mudança do Centro de Saúde para as novas instalações, a mesa decidiu aproveitar o espaço que estava acima das antigas instalações, acabando por se elaborar um projecto onde estivessem inseridas duas componentes: lar e cuidados continuados.
A obra começou, e para tal a Santa Casa contrai vários empréstimos a fim de pagar e honrar os seus compromissos para com os fornecedores. Entretanto surge um grupo interessado em gerir o Parque de Saúde e a Santa Casa da Misericórdia que inclusive avança com um pedido ao Banco Europeu do Empréstimo no valor de 900 mil euros. Empréstimo esse que, pelo que consta foi aprovado.
De um dia para o outro, a mesa foi informada que havia sido feita uma parceria com um grupo da região, o Grupo Tavares Pereira. A mesa apenas foi informada, não lhes foi pedido qualquer parecer em relação à situação. Até porque no dia da assinatura do protocolo a mesa não tomou qualquer iniciativa, tendo sido o protocolo da Câmara a fazer tudo. No entanto, não existe, até ao momento, qualquer documento que desse poderes ao provedor para assinar a dita parceria. Mal contentes ficaram também os irmãos da mesa que até hoje continuam mal informados do sucedido, porque não foi convocada nenhuma assembleia-geral para que eles opinassem e decidissem o futuro da mesma.
Contudo, começam os processos de recrutamento de pessoal e as antigas empregadas que haviam recebido o documento para serem readmitidas, são confrontadas com uma realidade diferente. Informam-nas que o dito documento não tinha valor nenhum, justificando-se com o facto de não se tratar da Santa Casa mas de uma parceria.
Hoje, os irmãos continuam a não ser tidos em conta, continuam a existir acções que só o provedor tem conhecimento. Além disso, e após a demissão do vice-provedor, deveria ter-se nomeado alguém para o cargo, chamando novo mesário o que até ao momento tal não aconteceu.
E assim anda e assim rola a mesa da Santa Casa da Misericórdia de Fornos de Algodres. Será que quando os irmãos idosos precisarem de ir para o lar, terá a "parceria" fins sociais ou lucrativos? Será que a mesa da Santa Casa não se via com competências para gerir o Parque de Saúde?

5 comentários:

Anónimo disse...

Não conheco esse Banco!
Será dos que estão em risco!
Já agora foi aprovado o empréstimo e também foi contraído? Se sim como é possivel faze-lo sem a A.Geral e a Mesa terem conhecimento e intervenção!? Era possível só com a intervenção do provedor? Se não onde foram buscar o capital para as obras?

Anónimo disse...

é uma vergonha, esto está entregue a quatro ou cinco... esse provedor que se reforme só atrapalha esta vila... que continue a colecionar titulos de presidente e vice mas dos reformados...

Anónimo disse...

Este Provedor representa tudo o que de mal está em Fornos! Como é possível termos uma pessoa com uma mente retrógrada e que só pensa em coleccionar quintas e quintinhas a frente de uma instituição como a Santa Casa!!! É a típica mentalidade do quero, posso e mando.

Anónimo disse...

É uma vergonha a forma como estão a tratar as pessoas que foram a entrevista.
Já passou um mês da realizaçao das entrevista e ninguém obteve resposta se foi ao não seleccionada.
Tenho consideraçao pelas pessoas...

Só mesmo em Fornos de Algodres cada vez sinto mais vergonha de viver neste concelho!!!

Anónimo disse...

gostaria de ver na net as instalacoes dos cuidados continuados e equipa de auxiliares e emfermagem